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sexta-feira, 13 de abril de 2018

MINHA MÚSICA:



Riqueza

Quando o galo canta o seu refrão,
chama o sol, desperta o meu sertão;
campos são tingidos de dourado,
nesse solo abençoado,
paraíso aqui no chão.

Flores enfeitando o ribeirão,
chuva saciando a plantação;
o choro de um berrante pela estrada,
conduzindo uma boiada,
mais parece uma canção.

(REFRÃO) 
Riqueza não é ter um baú cheio de metal;
é provar a água pura e a doçura do canavial.
Riqueza não é ter cada dia sempre mais e mais;
é plantar a liberdade e colher da natureza muita paz.

Ter ar puro para respirar,
uma rede para descansar,
o ranger tristonho da porteira,
passarinhos na paineira
e um cavalo a galopar.

A tarde leva o sol pro horizonte,
a noite vem trazendo o luar;
tudo adormece nesse instante,
a calma toma conta do lugar.

(REFRÃO)
Riqueza não é ter um baú cheio de metal...

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- COMPOSIÇÃO: (Alex, Zé Roberto e Paulo) Paschoalini
- INTERPRETAÇÃO: Dênis e Zé Roberto
- ARRANJO: Zé Roberto
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Sentimentos sitiados

Houve um tempo, em que a vida se desenrolava basicamente nas regiões campesinas e as famílias se abrigavam em casas simples, cercadas de terras cultiváveis, de onde tiravam o seu sustento. Trabalho difícil, de sol a sol, e nos finais de semana tinham o costume de visitarem com frequência os familiares e amigos, mesmo sem a comodidade dos automóveis.

Devido à chamada “revolução industrial”, surgida na Inglaterra no século XVIII, a maioria migrou para as grandes cidades, trocando a difícil rotina da lavoura pelo conforto que a vida urbana começava oferecer. Exemplos disso, o fogão a gás pôs fim à tarefa de cortar lenha; água encanada, ao invés de puxar balde no poço, e máquinas de lavar roupas, que evitavam a rotina dessa empreitada à margem de ribeirões.

Com o correr do tempo, os grandes centros foram tomados pelo êxodo rural e tornaram-se inchados de pessoas, que se consideravam cidadãos evoluídos, enquanto que os moradores de sítios e fazendas passaram a ser vistos como gente de “segunda classe”, embora os residentes de áreas urbanas ainda hoje dependam deles para se alimentar.

Há alguns anos, antes da virada do milênio, era voz corrente que o “rico” do século XXI seria quem tivesse esses 5 elementos: tempo, silêncio, água limpa, espaço e ar puro, o que lhe proporcionaria uma qualidade de vida, além de saúde, é claro. Eu acrescentaria, ainda, mais dois; segurança e paz de espírito.

Muitos autores brasileiros escreveram obras marcantes, que tratam das diferenças existentes entres esses dois tipos de vida. Na literatura internacional, destaque para uma citação do escritor e roteirista Truman Capote: “Para uma criança, a cidade é um lugar desprovido de alegria”.

Compositores musicais também se aventuraram em retratar as características desses dois universos, existentes em muitas partes do Brasil. Na direção oposta das grandes migrações, as letras mostram certa nostalgia e um desejo de voltar à vida simples da zona rural:

“Eu quero uma casa no campo,
onde eu possa ficar do tamanho da paz...”
(“Casa no campo”, de Zé Rodrix, na voz inesquecível de Elis Regina)

“Eu queria ter na vida, simplesmente,
um lugar de mato verde, pra plantar e pra colher;
Ter uma casinha branca de varanda,
um quintal e uma janela para ver o sol nascer.”
(“Casinha branca”, composição e gravação de Gilson)

“E uma casinha lá onde mora o sol poente,
pra, finalmente, a gente, simplesmente ser feliz.”
(“Voa coração”, autoria e interpretação de Toquinho)

Porém, as composições alcançam uma proporção ainda maior se embaladas pelo ritmo sertanejo raiz, quando “sentimentos sitiados” revelam uma saudade, que muitas vezes chega (mesmo) a doer:

“Não há, o gente, oh, não, luar como esse do sertão...”
(“Luar do sertão”, de Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco)

“Tô indo agora pra um lugar todinho meu;
quero uma rede preguiçosa pra deitar.
Em minha volta sinfonia de pardais,
cantando para a majestade o sabiá...”
(“A majestade, o sabiá”, composição de Roberta Miranda)

“Nunca vi ninguém viver tão feliz como eu no sertão.
Perto de uma mata e de um ribeirão, Deus e eu no sertão.”
Casa simplesinha, rede pra dormir;
de noite um show no céu, deito pra assistir.
(“Deus e eu no sertão”, de autoria de Victor Chaves)

Há pouco mais de 20 anos, a música “Riqueza” foi composta por Alex, Zé Roberto e eu para expressar a beleza e a necessidade de viver uma vida cercada de simplicidade. De comum com os consagrados artistas, apenas o fato de sermos amantes da natureza, essa riqueza que nos cerca e traz muita paz.

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TEXTO: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO:
- MÚSICA: “Nas margens da saudade”
- COMPOSITORES: Paulo Cesar Paschoalini, Alex Francisco Paschoalini e José Roberto Paschoalini
- INTÉRPRETE: Dênis e Zé Roberto
- ARRANJO: José Roberto Paschoalini
- VÍDEO DISPONÍVEL NO YOUTUBE: https://www.youtube.com/watch?v=-S6SRVyOzmI
- REGISTRO Nº: 124.498, em 04/02/1997, no EDA / FBN. 
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