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domingo, 27 de julho de 2014

MINHA CRÔNICA:

Verbo "selecionar"

Não gosto muito da máxima de que o Brasil “é a pátria de chuteiras”. É claro que nosso país é muito mais que seus times e a Seleção Brasileira. Mas, como o futebol, ainda, é o esporte mais popular e envolve vários segmentos, não seria fora de propósito fazer uma análise após a divulgação do nome do “novo” técnico da nossa Seleção, depois da pífia participação no Mundial. Foi acesa a luz amarela depois da Copa deste ano, mas parece que os dirigentes ainda continuam daltônicos.

Se bem que eu tenho minhas restrições ao uso do termo “dirigente” para quem está no comando da CBF. Entendo que para ser conhecido como diretor, a pessoa precisa ter reconhecida capacidade e experiência, demonstrada ao longo de anos de planejamento e trabalho, para só depois estar apta a dirigir. Acredito que a expressão adequada para designar as pessoas atualmente ligadas à CBF seja “cartola”, já que podem estar a serviço de uma série de interesses questionáveis.

Na mesma linha de raciocínio, penso que o termo “técnico” também está desvirtuado, de certa maneira, já que, salvo engano, não existe realmente um Curso Técnico para profissionais de Futebol no Brasil. Portanto, Dunga e aqueles que o antecederam não poderiam ser assim chamados; prefiro o termo “treinador”. Mas como Dunga chegou pela segunda vez a essa função na Seleção?
        
Desde as categorias de base do Internacional, o jogador Dunga se destacava mais pela eficiência na marcação, o que, convenhamos, é um ingrediente importante. Contudo, técnica e habilidade nunca foram suas principais qualidades, conforme suas atuções em outros clubes brasileiros. Suas passagens por times tradicionais como Corinthians, Santos e Vasco não deixaram saudade. Quem sabia ou ainda se lembra disso?

Pesa a seu favor, por exemplo, sua passagem pela Itália (1987 a 1993), porém pouco expressiva, e ter jogado pelo Stuttgart, no respeitado Campeonato Alemão (1993 a 1995). Apesar de competitivo, naquela época o futebol alemão vivia ainda a predominância dos fatores força e preparo físico, em detrimento da técnica e do futebol com qualidade. No atual patamar da Seleção da Alemanha, a meu ver, não seria digno de desatar o nós das chuteiras de Kroos e Schweinsteiger, que atuam nas mesmas posições em que ele jogava.

O fato de ter sido escolhido o melhor jogador do futebol japonês em 1997, a meu ver, só faz coro ao dito popular de que "em terra de cego...". Daí a se valer num desses quesitos para ser colocado num patamar de um jogador taticamente importante, tudo bem. Mas, pelas mesmas razões, o considerarem um astro internacional, a ponto de ser convocado para três Copas do Mundo, aí já é demais! Até a imprensa o elevar à condição de “líder natural” de 1994, aqui no Brasil, pouca gente o colocava sequer na condição de “selecionável”.

Depois de que o Brasil foi eliminado na Copa de 1990, a mídia, acostumada a rotular pessoas e acontecimentos, usou e abusou da expressão “Era Dunga”, quando se referia ao fracasso naquele Mundial. De forma pejorativa, o nome do atleta foi vinculado à maneira limitada e inexpressiva com que Seleção se apresentou naquela oportunidade.

Entretanto, quatro anos mais tarde, o Brasil sagrou-se campeão da Copa sediada pelos Estados Unidos e, por ser Capitão e um dos principais nomes da equipe, passou a ser símbolo de liderança e futebol aguerrido, muito mais pelos seus berros dentro de campo do que propriamente pela qualidade de seu futebol, que, inegavelmente apresentou evolução. Sendo assim, de jogador reconhecidamente de futebol burocrático e limitado em 90, foi guindado pela mesma imprensa à condição de ídolo, que até passou a chamá-lo de “vencedor”.

Porém, na sua terceira participação em Copas, tudo voltou ao normal e tornou a ser novamente derrotado, embora dessa vez na final contra a França, equipe anfitriã daquele Mundial, passando a ser questionado mais uma vez. Com esse retrospecto, entendo que Dunga não deva ser lembrado unicamente de forma negativa, mas também acho exagerado que seja chamado exclusivamente de “vencedor”. Se tomarmos por base que o motivo que o levou a ser chamado dessa forma foi o fato de ter conquistado uma Copa do Mundo, por ter participado de três edições, o placar lhe é desfavorável: Eliminação 2 x 1 Êxito.

Cabe, agora, uma análise sobre o treinador Dunga. Se por um lado ele reúne algum mérito como jogador pelas convocações, sua indicação como treinador para 2010 não é somente questionável, mas inexplicável. Num raciocínio muito coerente, Dunga não poderia jamais ser considerado o melhor nome para treinador, justamente porque, pasmem, ele nunca tinha sido treinador. Portanto, impossível de se fazer uma avaliação. E, então, aquele que passou a ser sem nunca ter sido, criou Felipe Melo à sua imagem e semelhança. Desse modo, tendo como referencial um jogador ainda mais limitado, o Brasil foi eliminado em 2010 pela Holanda, em lances cruciais, com de participações negativas de “sua criatura”.

Importante ressaltar que Felipe Melo era um ilustre desconhecido, até ser chamado por Dunga. Depois de seguidas convocações, foi contratado pela toda poderosa Juventus de Turin, sem nunca ter correspondido ao investimento da equipe italiana, sendo alvo de muitas críticas. Outros atletas convocados por ele naquela época também tiveram destinos semelhantes. Agora, o “braço-direito” de Dunga é Gilmar Rinaldi, um ex-goleiro, que atua como empresário de jogadores. Por isso, é inevitável que não sejam levantadas suspeitas de que a CBF se transforme (ou continue a ser) um “grande balcão de negócios”.

Talvez, querendo provar sua competência à torcida e a imprensa, com quem nunca teve bom relacionamento, Dunga tornou-se, finalmente, treinador de um clube, assumindo o comando do Internacional de Porto Alegre em dezembro de 2012, time que o revelou como jogador. Para seu infortúnio, apesar de campeão gaúcho, nem a agremiação com tem um vínculo histórico foi capaz de mantê-lo no cargo e acabou por demiti-lo menos de um ano depois, em função de resultados insatisfatórios.  

Agora, poucas semanas depois do fiasco do time de Felipão na Copa de 2014, os “iluminados” da CBF comunicam que o “novo” treinador da Seleção é Dunga, nome mais uma vez discutível, principalmente se tomarmos como referência o seu currículo à frente de uma equipe de futebol. Quando se esperava uma mentalidade mais moderna, no lugar de algo novo nos deparamos com o “de novo”.

E por essa e outras que a "visão nanica" dos representantes da CBF nos remete, obrigatoriamente, a uma situação de “conto de fadas”. Assim, o cidadão Carlos Caetano Bledorn Verri, ex-jogador e treinador desempregado, mais conhecido por Dunga, apelido baseado em um dos “sete anões”, volta a ter a missão de treinar aquela que já foi a Seleção que jogava o melhor futebol do planeta. Quando todos esperavam a vinda de um “Mestre”, o torcedor, que queria estar Feliz”, poderá ter muitos motivos para ficar “Zangado”. Perdoem-me pelos clichês.

É possível ganhar a próxima Copa?... Bem, tudo é possível, já que o futebol é um esporte também regido pelo signo do imponderável. Como em outras oportunidades, muitas vezes o talento individual acaba nos redimindo da falta de planejamento e competência. O certo, no entanto, é que o caminho escolhido é reconhecidamente nebuloso. Sai a figura caricata de Marin e entra del “Nero”, um nome sugestivo para reduzir o futebol brasileiro às cinzas.

Para finalizar, quase ninguém se dá conta de que a palavra “Seleção” é, antes de mais nada, derivada do verbo selecionar, do ato de apartar e apresentar aquilo que se tem de melhor. Numa estrutura em que se começa não selecionando dirigentes, nem treinadores e, por conseqüência, nem sempre os melhores jogadores, pouco ou quase nada podemos esperar. Com base em estudos científicos, convém lembrar que a chamada lei de “seleção natural”, ao longo do tempo, sempre acaba sendo cruel com aqueles menos capacitados...

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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COMENTÁRIO:
Se existe alguma coisa de positivo nessa escolha movida pela "policagem" e falta de bom senso, eu penso que seria o fato de eu passar a me dedicar meu tempo a outras coisas mais importantes.
Quando terminei de escrever o texto na sexta-feira, dia 25/07, tomei conhecimento de que o jornal "Folha de São Paulo" veiculou a notícia que a Receita Federal estaria cobrando do agora treinador Dunga o valor de R$ 907 mil, por não ter pago imposto sobre o dinheiro movimentado no exterior no ano de 2002. Evidentemente que nem toda denúncia é definitivamente sinal de culpa. Mas para quem recai sobre ele algumas outras suspeitas, convém ficar atento também com relação a esse assunto.
Para criação da imagem, foram consultados os sites: pt-br.disney.wikia.comfutebol.radiomania.com.br.
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domingo, 20 de julho de 2014

UMA CITAÇÃO...

De dentro...

"Quem tenta ajudar uma borboleta
a sair do casulo a mata.
Quem tenta ajudar um broto
a sair da semente o destrói.
Há certas coisas que não podem ser ajudadas.
Tem que acontecer de dentro para fora."

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AUTOR: Rubem Alves
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COMENTÁRIO – Paulo Cesar Paschoalini:
Ontem faleceu Rubem Alves, psicanalista, educador, teólogo e, principalmente, um dos mais inteligente e talentosos escritores brasileiros do momento, dotado de muita sensibilidade. Além do mais, um crítico severo do sistema de Educação atual.
Muito embora eu não tenha, evidentemente, a sua gama de conhecimento e sua visão privilegiada, como concluinte de curso de Licenciatura, numa linha de raciocínio semelhante, particularmente tenho minhas restrições com relação a boa parte dos métodos de ensino do momento, em especial à tal da "Progressão Continuada". Importante destacar que a grande maioria daqueles que se mostram favoráveis a esse modelo "tão bom" para Escolas Públicas, "curiosamente" costumam matricular seus filhos em Instituições Particulares, para o Ensino Fundamental e Médio. Desse modo, a "aprovação automática", que muitos consideram "algo bom", somente é realmente "bom" quando aplicada aos filhos dos outros.
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quinta-feira, 10 de julho de 2014

MEU TEXTO:

Zangão

"Colegas diziam que ele era avoado e que vivia fazendo cera. Abelhudo, entrou na sala durante a reunião e decidiu ferrar todo mundo."

Drone
Colleagues said he was absent-minded and living making wax. Nosy, entered the room during the meeting and decided to screw everyone.
(TRADUÇÃO: Google Tradutor)

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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Recebi e-mail da Semac informando que o texto acima foi selecionado no “4º Concurso de Microcontos de Humor de Piracicaba”. Neste ano de 2014, o Concurso promovido pela Secretaria Municipal de Ação Cultural de Piracicaba (Semac) limitava o texto em 140 toques, incluindo título e espaçamento. De acordo com o site da Biblioteca de Piracicaba, o Concurso "teve a participação de 294 inscritos oriundos de 4 países: Portugal, França, Japão e Alemanha; 22 estados e 23 inscritos de Piracicaba".
A característica do microconto é a narrativa breve e objetiva, com a finalidade de cativar e estimular a criatividade do leitor, levando-o a usar a imaginação para preencher as entrelinhas deixadas. Conforme mencionado no site Wikipédia, leva o leitor a “entender a história por trás da história escrita”.
Os três primeiros colocados receberão prêmios em dinheiro e, juntamente com outros 97 selecionados pela Comissão Julgadora, serão publicados na coletânea deste ano. Para mais informações, acesse o link: http://biblioteca.piracicaba.sp.gov.br/site/?p=5665.
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