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domingo, 10 de janeiro de 2010

MINHA CRÔNICA:


Recomeçar

Li a crônica do Adalberto Inácio Gonzaga da Silva, de Brasília, no caderno "Crônicas", que circula na intranet do Banco do Brasil, cujo título é “Doze”, publicada no dia 29/12, que se refere aos diferentes aspectos do número doze, em especial quando se relaciona ao tempo. Achei muito interessante o texto. Aliás, como ele costuma fazer quando escreve, foi um convite a uma reflexão, que despertou em mim um questionamento: se o “12” exprime, de certa forma, um final, ou um preparo para uma nova etapa, o que de fato melhor representaria de forma emblemática um recomeço? Naturalmente, a primeira coisa que me veio à mente foi o número “1”, como não poderia deixar de ser.
Que me perdoem os fãs de numerologia e afins, mas será que vivemos num mundo onde os acontecimentos são exclusivamente regidos por números? Ou ainda: seria o “primeiro de janeiro” realmente um recomeço, só por carregar por si só o primeiro dia, de um primeiro mês, de um primeiro ano? Ainda: Será que somente a virada da “folhinha”, a mudança de data, indicaria definitivamente uma verdadeira nova fase em nossa vida?
Lembrei-me, então, de um texto de Drummond:

“Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,

a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança,
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar
e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação
e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui pra diante vai ser diferente.”

Recorro, agora, a outro autor consagrado, nesse caso o compositor Ivan Lins, cuja música “Começar de novo”, em parceira com Vítor Martins, começa com os versos:

“Começar de novo e contar comigo,
vai valer a pena ter amanhecido...”


Muito embora a letra esteja relacionada especificamente a um amor que se foi, entendo que esse trecho traga com ela o que poderia ser classificado como sendo a essência de todo e qualquer recomeço. Ainda que tenhamos em nosso convívio pessoas que nos ajudam ou nos acompanhem em cada etapa de nossa vida, penso que o ato de começar de novo guarde estreita relação com o ter força, sabedoria e equilíbrio suficientes para poder “contar consigo mesmo” a cada novo amanhecer. É quase sempre uma questão de atitude.
Todos nós sempre estamos às voltas com “recomeços”. Quando se trata da questão profissional, por exemplo, pode ser um novo setor, uma nova função, ou mesmo uma nova agência. No caso de algumas pessoas, ainda, uma nova empresa para um novo trabalho. No terreno pessoal, cada um tem lá as suas particularidades, nos mais diferentes segmentos.
A palavra mais ouvida nessas ocasiões é provavelmente a esperança. Para muitos essa palavra é apenas um derivado da palavra “espera” e ficarão de forma acomodada somente aguardando o desenlace dos acontecimentos, muitas vezes reclamando de sua sorte. Outros, no entanto, mais do que ficar na expectativa como meros observadores, veem a esperança como sendo a fé, a confiança em iniciar projetos pessoais que se propõem a torná-los reais. Esses últimos, na maioria das vezes tendem em alcançar grande sucesso ou, na pior das hipóteses, pequenos progressos e serão chamados de “sortudos” por aqueles que apenas esperam embalados pela inércia.
Mais uma vez Drummond, no poema “Receita de ano novo”:

“Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.”


Portanto, se ancorarmos nossos desejos apenas no “esperar” e não tivermos intenção, disposição e principalmente ação, aquilo que poderíamos chamar de “um novo tempo” estará fadado a ser mais uma “perda de tempo”. Como sentencia “o poetinha”, temos que fazer por merecer um ano novo.
Por essa razão, eu gostaria de desejar a todos vocês que dedicam o seu tempo em ler com atenção aquilo que me proponho a escrever, muito mais do que um “Feliz Ano Novo”, já que todo ano que começa já é por si só um fato novo. Meu desejo é que todos os leitores tenham um “Feliz Novo Tempo”. Que a fronteira entre seus sonhos e a realidade seja tão somente o firme propósito de querer.
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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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- Este texto está disponível na intranet do Banco do Brasil > Acesse Sua Área > Cadernos > Palavras Cruzadas, publicado pela VITEC-Brasília em 13.01.2010 e acessível a mais de 100.000 funcionários.
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