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domingo, 3 de março de 2024

MINHA CRÔNICA:

MÚSICA: 'Bocas'  

"Bocas que transformam, com o seu cantar, 

sentimento em sons, pensamento em voz.


REVISTA VICEJAR – ARTE E CULTURA ( Música ) 

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MÚSICA: "Bocas"
- Composição: Paulo, Alex e Zé Roberto Paschoalini
- Interpretação: Dênnis

Bocas em silêncio, depois de falar de amor;
bocas que se buscam, lábios que se tocam.
Bocas que acendem o fogo da paixão,
para incendiar corpo e coração.

Bocas de crianças reclamando do abandono;
bocas que insistem em clamar por Deus.
Bocas sempre abertas esperando o pão,
pois a fome dói como a solidão.

(REFRÃO)
Ah!... Os homens se esquecem
que as bocas existem pra sorrir, contar, falar...
E não pra se calar!
Ah!... Bocas que calam,
que nada falam, mas dizem tudo.

Bocas que se abrem num sorriso de alegria;
bocas que declamam versos poesias.
Bocas que transformam, com o seu cantar,
sentimento em sons, pensamento em voz.

Bocas que ordenam a matança de milhões;
bocas que se calam ante o mais forte.
Boca de um arma pode ser capaz
de calar a voz e ferir a paz.

(REFRÃO)

Ah!... Os homens se esquecem...

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_____Antes do surgimento da escrita, e na falta de uma maneira para a propagação de imagens, toda a sabedoria que sucedeu e chegou até os dias atuais foi transmitida de maneira verbal, ou “boca a boca”, de pessoa para pessoa.  

_____O cantor e compositor Belchior mencionou em sua música “Como nossos pais” o seguinte verso: “para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua, é que se fez o seu braço, seu lábio e a sua voz”. Desse modo, além de se expressar através da fala, a boca pode demonstrar sentimento através do beijo, por exemplo.  

_____E foi justamente esse trecho da composição o ponto de partida. Bocas que também se alimentam, sorriem e cantam, além de acompanhar a dor do choro pela fome, silenciar por vontade própria ou calar-se por imposição. Daí veio à tona a poesia/música “Bocas”, composta em parceria com meus irmãos José Roberto e Alex, há mais de 25 anos, numa época em que o mundo tinha seus conflitos inerentes àquele momento.  

_____O tema abordado na composição não era algo exclusivo daquela época, uma vez que, “desde que o mundo é mundo”, aquilo que menciona o conteúdo é algo recorrente. No entanto, ao tomarmos contato com as informações que temos acesso nos dias de hoje, infelizmente talvez essa letra seja mais atual ainda.  

_____Sempre se falou em amor, mas nunca de maneira tão superficial. Nunca se viu tanta fome, mas poucas vezes de forma tão cruel e desumana. A necessidade de se expressar sentimentos tem extrapolado o que se convencionou chamar de urgência. O ódio, a violência e armamentos sofisticados jamais mataram tanto. 

_____Apesar de escrever quase sempre de forma livre, dessa vez na letra da música foi utilizada uma estrutura poética chamada de “anáfora”, que caracteriza-se pela repetição de uma ou mais palavras no início de duas ou mais frases sucessivas.  

_____A gravação foi feita em home studio, mas entendo que reúne condições para ser ouvida. Penso ser tipo de canção capaz de instigar nossa reflexão sobre a necessidade de se ter vez e voz no mundo, justamente quando botões e gravatas deliberadamente nos sufocam, não apenas dificultando a respiração, mas, principalmente, para interferir na nossa “inspiração”. 

_____Que a ausência de tempo não nos impeça de ver com a devida clareza e com a dose de humanidade que tanto está em falta ultimamente! 


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AUTORPaulo Cesar Paschoalini
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 < CURRÍCULO LITERÁRIO E PREMIAÇÕES > 
COMENTÁRIO: O texto foi publicado no blog da "Revista Vicejar" em 03.03.2024, onde o escritor possui vários textos de sua autoria, atuando como Colaborador do blog e do site. Para ler mais acesse:
BLOG DA REVISTA VICEJAR: http://revistavicejar.blogspot.com/
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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

MINHA POESIA:

PERDOANDO O TEMPO:

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Perdoo o tempo, 
que fez o depois e o agora,
o chegar e o ir embora;
o coletivo e o sozinho,
o sem rumo e o caminho.

Perdoo o tempo,
que, interferindo em nossas vidas,
produz dores, mas cura as feridas;
que nos faz rir e chorar de alegria,
clareia a noite e escurece o dia.

Perdoo o tempo,
que me faz dormir para repousar
e cria mil fantasias para eu sonhar;
que me dá forças para encarar a realidade
e, vez por outra, faz despertar a saudade.

Perdoo o tempo,
que movimenta minutos e segundos,
fazendo girar os ponteiros do mundo;
que rege com exatidão cada estação
e me dá idade nova no final do verão.

Perdoo o tempo,
que me faz sentir velho e criança
e me ver incrédulo de esperança;
que cria a lucidez e o destino
e nos dá o arbítrio e o desatino.

Perdoo o tempo,
que traça linhas por toda a minha face,
para entender as entrelinhas, em disfarce;
que me nutre de lições e conhecimentos,
trazendo experiências a cada momento.
       
Perdoo o tempo,
que leva embora a beleza da juventude
para trazer a velhice de forma tão rude;
que prateia os meus cabelos escuros    
e ilumina os meus caminhos obscuros.

Perdoo o tempo,
que passa apressado em suas andanças,
deixando as pernas lentas de lembranças;
que vez por outra me faz esquecer
e dia após dia me faz envelhecer.

Perdoo o tempo,
que tenta me convencer ser imortal,
revestindo-me de uma eternidade fatal;
que é o melhor remédio para o viver,
mas não tem o antídoto para o morrer.

Perdoo o tempo,
já que, apesar de minhas indagações,
desconheço as suas reais intenções;
pois, mesmo quando estou pensativo,
pouco sei de meus próprios objetivos.

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
(Protegido por Lei de Direitos Autorais, 9.610/98)
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OBSERVAÇÃO: Poesia  selecionada no “II Concurso Nacional de Poesia”, da cidade de Descalvado-SP, que teve a participação de 684 trabalhos inscritos e é um dos textos que integra a coletânea “Marcas do Tempo V”, de 2003.

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quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

MINHA CRÔNICA:

Doce narcose de um mundo melhor 



_____Mais uma vez os freios do tempo mostraram ser pouco eficientes, pois estamos novamente às voltas com outro final de ano. Fim de um ciclo... começo de compras! Atualmente, fazer compras passou a ser sinônimo de ir a um shopping center, quer seja na própria cidade ou na região. 

_____Nesse espaço o frequentador busca e acaba encontrando um local que considera seguro, limpo, com um visual agradável, onde é impelido a consumir produtos e serviços de maneira quase que inconsciente. Mas afinal, seria esse lugar algo positivo, ou negativo? Estaria ele sendo usado para acesso de qualquer cidadão ou com objetivo segregacionista? 


“Coisas divinizadas”

_____Em artigo publicado na revista “Filosofia Ciência & Vida”, o Dr. Renato Nunes Bittencourt apresenta uma visão sobre a configuração física de um shopping, fazendo analogia ao útero materno, já que a climatização do espaço permitiria comparar a sensação de acolhimento e bem estar vivida no ventre da mãe.

_____No texto menciona o cientista social Erving Goffman, para quem a intenção das lojas não é de consideração à pessoa, mas de atrativo para consumo: “queremos o seu dinheiro, mas não sua permanência nesse recinto”. Esse formato é chamado de “não lugar” pelo antropólogo francês Marc Augé, que envolve as instalações para a rápida circulação das pessoas e os meios de transporte dos grandes centros.

_____O que parece ser uma liberdade de escolha para o consumidor na verdade é uma indução à aquisição quase automática, já que as vitrines funcionam como um espaço sagrado para adoração de “coisas divinizadas”, passando por estudos minuciosos de design e cores, além de propaganda planejada para atrair o consumidor-cidadão. 


“Doce narcose da existência de um mundo melhor”

_____O sistema de vigilância dos shoppings segue o modelo idealizado por Jeremy Bentham, que representa o olhar onisciente de Deus, capaz de ver tudo. Vivemos um momento social em que se evidencia a arquitetura do medo e esses locais se assemelhariam a condomínios fechados, onde “as muralhas” podem dar uma sensação de “segurança máxima” contra o mundo do “lado de fora”.

_____Segundo o pensador polonês Zygmunt Bauman, “a insegurança alimenta o medo” e seria natural essa preocupação contra as ameaças existentes. Cria-se, então, o que ele chama de “doce narcose da existência de um mundo melhor”, graças ao monitoramento permanente, visando blindar a pessoa de eventuais situações desfavoráveis.

_____Numa versão socioeconômica de “apartheid”, os abastados podem usufruir desse espaço de lazer, com toda segurança. No entanto, aqueles considerados não economicamente viáveis devem apenas consumir os produtos, retornando para as suas residências tão logo finalizem as compras.

_____No final, é citado que a “meta comercial do capitalismo tecnocrático consistirá na criação de shopping-condomínio ou shopping-hotel”. Com isso, o ar respirável será aquele advindo dos shoppings e as cores em nosso entorno serão as que compõem esses ambientes e não as presentes em parques e jardins públicos. 


“Feliz Compra”… Feliz?

_____As emblemáticas mensagens de “Feliz Natal” e “Feliz Ano Novo” foram, de maneira subliminar, substituídas pelo desejo de “Feliz Compra!”... Feliz?

_____Difícil de imaginar ser feliz quando se tem de cumprir imposições sociais, adquirindo produtos da moda e que atendam às necessidades do momento. Trata-se de uma ocasião em que todos (ou quase) estão impregnados da patológica ditadura do “ter”.

_____Uma “felicidade” fabricada e, como tudo o que é fabricado tem seu prazo de validade, ela se expira poucos dias após a virada do Ano Novo, quando nos damos conta da rotina e constatamos que o “novo” não chegou. Durante os demais meses do ano, virão outras datas e novos desejos de felicidades. Muitas vezes aquilo que se deseja é justamente o que mais pode estar faltando. 


REFERÊNCIA: BITTENCOURT, R. N., O Apartheid Mitigado nos shopping centers. Filosofia Ciência & Vida, São Paulo, ano VII, n. 93, p. 55-62, abr. 2014. 


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AUTORPaulo Cesar Paschoalini
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quinta-feira, 16 de novembro de 2023

MINHA POESIA:

(D)EFEITO ESTUFA: 


Temperatura extrema, hostil,
do chamado 'aquecimento global',
nada mais é que o estado febril
de um planeta doente, afinal. 

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
(Protegido por Lei de Direitos Autorais, 9.610/98)
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quinta-feira, 2 de novembro de 2023

MINHA CITAÇÃO:

FEITOS DE PÓS: 


"No intervalo entre o pó
de onde viemos e o pó
para onde retornaremos,
precisamos nos tornar
'pós'-graduados 
na arte de viver."

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
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sábado, 21 de outubro de 2023

MINHA POESIA:

SINGELO TOQUE: 

Campos vastos de amplitude 
são vazios como um deserto, 
até que um dia sejam tocados  
por uma minúscula semente. 

O que faz despertar a vida 
nem sempre é tão visível; 
o mais singelo toque contém 
aquilo que nos faz 'flores ser'. 

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AUTOR: Paulo Cesar Paschoalini
(Protegido por Lei de Direitos Autorais, 9.610/98)
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